quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

É doce e forte x:

23:00
Sinto-me atordoada, perdida, fecho mais uma vez os olhos, inspiro fundo…
Estou envolta numa nuvem, que me leva para longe, nuvem de cor quente e cheiro doce, com a cor de um morango maduro e aroma a menta, espalhando em seu redor um rasto do cheiro do fumo de um cigarro…
 Deixo me envolver nas memórias que esta nuvem carrega, sou levada para longe; para onde me levas?
Para onde ando?
Para trás, ando para trás no tempo, onde o presente ainda é futuro e era a última coisa em que nós pensávamos.
Eu e tu, os dois abraçados envoltos em chamas, para mim nada mais importava apenas queria os teus lábios, sentir o teu toque… O teu toque, que por onde passava na minha pele deixava um rasto de calor, calor que faria qualquer água que me tentasse socorrer evaporar. Os nossos lábios, juntos, frente-a-frente, movendo se habilmente, sincronizados num movimento quase esperado sem qualquer vontade de se separarem, dois corpos incandescentes prontos a entrar em erupção, doces palavras trocadas por carícias, dois fôlegos ofegantes… E tudo como um fôlego se foi, desapareceu num segundo.
 Quem diria que tu, logo tu, me iria levar às margens da loucura, quem diria que tu, logo tu, me fizesse o coração inchar e disparar, bater forte, e ser o único som audível no meio de uma cacofonia de ruídos, quem diria que era no teu olhar, que tantas vezes fixei, e no teu sorriso e na tua voz que tantas vez admirei, que iria pensar noites a fio antes de conseguir adormecer. Sobrestimei-te, nunca pensei que fosses capaz de me despertar outra vez, o meu coração que estava duro e congelado, derreteu com os teus beijos e amoleceu com as tuas doces palavras.
 Comecei a desejar que fosses meu, mas sou complicada, talvez tu também sejas complicado, cada um complicou à sua maneira, talvez não estivéssemos destinados a algo sério e o único tempo que nos estava reservado fossem aquelas diferentes semanas que vivi, de uma forma também diferente contigo.
Quem diria que era o teu nome que eu iria suspirar, quem diria que eras tu quem eu mais desejo abraçar cada vez que um dia me corre mal e arranca o meu habitual sorriso da cara. Quem diria que era por ti que me iria apaixonar.
 A cada dia que passa, a sensação, o sabor que deixaste em mim persiste, o teu calor doce e profundo que se tivesse cor, vermelho cor de um morango, o sabor dos teus lábios com o toque fresco a menta e o cheiro teimoso do fumo de um cigarro acabado de fumar ainda agarrado à tua blusa.
 Será demais dizer que te quero só para mim, será demasiado egoísta?!
 És livre, livre como o vento, então sê feliz, sorri ao lado de quem realmente amas, quem sou eu para te prender?
 A mim basta apenas ver te sorrir e saber que estás bem todos os dias, basta sorrires-me para eu já ter uma razão para sorrir. Guardei o teu carinho sem ter porquê, nem razão ou outra coisa qualquer, guardo o amor, amor que aprendi, recebi, que sempre quis mostrar e nunca soube dar...

  Na minha mente giram numa amálgama de cores as imagens, os sons, o sabor, o cheiro, a essência… Tenho agarrar-me a ti, ao teu olhar, ao teu sorriso, mas sou puxada com toda a força para a dura realidade, que não me permite, não me deixa mais estar junto de ti.

24:06
Escorrem-me dos olhos lágrimas pegajosas até à minha face, têm uma cor quente, doce, a cor forte de um morango, o cheiro fresco a menta com o travo do rasto do cheiro teimoso do fumo de um cigarro. Inspiro fundo. Fecho os olhos. Deixo-me afundar na escuridão.


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